Não dá Pra Ser Feliz Com o Rio de Janeiro Escuro Só às Oito Horas da Noite

Não significa nada, significa tudo. As coisas se repetem ou simplesmente não tem fim. Não sei o que é mais triste. Também não sei a diferença. Se pelo menos chovesse um pouco, se o tempo refrescasse, aí talvez eu saberia. Mas não há. Já faz tempo que tá fazendo sol, um calor desgraçado. Isso sim é triste.

Esse ano de 2012 parece infinito, não acaba nunca. Eu quero que acabe. Mudar de 2012 para 2013 não vai mudar nada. É só mais um dia. Não significa nada, significa tudo. Eu quero que meu ano acabe, que o pior ano da minha vida até agora acabe.

Começou em 1994. Não acaba. Não termina ou se repete? Se se repete, então deve ter uma lógica na astrologia. Então não deve se repetir, apenas não acaba mesmo. Não pode haver lógica na astrologia. Não pode.

Tudo bem você acreditar em astrologia. Eu apoio qualquer coisa que te faça conseguir enfrentar a noite. Pra você é astrologia. Poderia ser uma igreja, a televisão, a cerveja ou o hip hop. Pra muitos é o sol, mas o sol já me decepcionou, agora é a chuva.

Os astros não significam nada, só o sol. Mas o sol acaba. Eu sei, ele não acaba. Ele pausa, e volta mais tarde. Mas a sensação é de término. Todo dia. Se repete. Repete e tem fim.

É preciso o breu, eu também sei. Mas o breu é ausência de luz. É possível criar o breu, a luz é impossível. O sol poderia existir sempre. Ele existe, eu sei. Mas desaparecer de vez em quando seria uma boa.

O sol é uma constante explosão. Me disseram que um dia ele vai explodir de verdade. Vai acabar. Aí não será possível mais nada. Em última instância, o sol é o sentido. Não significa nada, significa tudo. Mas por causa do calor, da cidade carioca que mais parece um inferno, eu não consigo ficar feliz com o sol brilhando.

Não dá pra ser feliz com o Rio de Janeiro escuro só às oito horas da noite.

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